Sem a participação da ANAMOLA, o processo de diálogo político assemelha-se a um jogo de conveniência, sem adversários à altura nem validade democrática.


Comparar um diálogo político que exclui a ANAMOLA é como assistir a uma partida de futebol em que um clube de bairro, sem qualquer expressão internacional, enfrenta uma das maiores potências do mundo desportivo e, ainda assim, acredita ter realizado a melhor exibição da sua história. É como se o AC Milan, em vez de medir forças com o PSG, optasse por defrontar o modesto Clube Desportivo da Matola, celebrasse como se tivesse vencido a Liga dos Campeões e, para completar o absurdo, o árbitro oficializasse o encontro como válido para a Taça UEFA.

No fundo, trata-se de uma metáfora que ilustra a falta de seriedade e de credibilidade de um processo político quando se ignora um dos actores mais relevantes do cenário nacional. Ao excluir-se uma organização como a ANAMOLA, que representa uma fatia importante da sociedade e das suas aspirações, o diálogo perde autenticidade, transforma-se numa encenação e acaba por equivaler a um jogo de faz de conta, sem consequências reais para o futuro democrático.

Tal como no futebol, onde a legitimidade das competições está na participação de equipas de peso e no cumprimento de regras transparentes, também na política a credibilidade de um diálogo depende da inclusão dos verdadeiros protagonistas. Do contrário, corre-se o risco de se criar um espetáculo ilusório, em que uns poucos se convencem da vitória, mas em que a plateia, atenta e crítica, reconhece apenas uma farsa.