Ex-presidente moçambicano teria colaborado com militares do apartheid para eliminar Samora Machel, cuja oposição à corrupção e apoio ao ANC incomodavam interesses internos e externos.
Veio recentemente a público um alegado documento confidencial que está a causar grande controvérsia e indignação em Moçambique e noutros países da África Austral. O conteúdo do referido documento, cuja autenticidade ainda está a ser verificada por especialistas e historiadores, aponta para uma suposta colaboração entre Joaquim Chissano, antigo presidente moçambicano, e um dos generais do regime do apartheid da África do Sul, com o objetivo de eliminar Samora Machel.
De acordo com as informações contidas no documento, o acordo teria sido motivado por razões políticas e estratégicas. Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique após a independência, era um firme apoiante do Congresso Nacional Africano (ANC), movimento que lutava contra o apartheid na África do Sul. A sua proximidade com figuras como Nelson Mandela e o apoio logístico dado à luta anti-apartheid terão despertado receios tanto em Pretória como em certos sectores da FRELIMO, especialmente entre aqueles que se sentiam ameaçados pela sua crescente postura anticorrupção.
Segundo a denúncia, Machel teria começado a identificar e expor práticas de má gestão e desvio de fundos dentro da própria estrutura do Estado moçambicano. Teria inclusive descoberto provas concretas de corrupção em larga escala envolvendo membros do seu círculo político, incluindo altos responsáveis do governo e do partido. Entre os nomes citados, surge o de Joaquim Chissano, que na altura ocupava cargos de elevada influência e que viria a suceder-lhe na presidência após a sua morte.
O documento sugere que, temendo ser destituído ou desmascarado, Chissano teria estabelecido um acordo secreto com elementos do regime sul-africano para garantir o desaparecimento físico de Machel. A trágica queda do avião presidencial em Mbuzini, em Outubro de 1986, continua até hoje envolta em mistério, e estas novas alegações vêm relançar a discussão sobre o que realmente aconteceu naquela noite fatídica.
Até agora, as investigações oficiais atribuíram a queda do avião a erro de navegação ou interferência de equipamentos falsos colocados pelas forças sul-africanas. No entanto, nunca foi oficialmente comprovado o envolvimento direto de figuras moçambicanas na conspiração. Este novo documento, se for considerado autêntico, poderá mudar drasticamente a narrativa histórica.
A divulgação do documento reacendeu o debate público em Moçambique e levou várias organizações da sociedade civil e figuras políticas a exigirem uma reabertura das investigações. Muitos apelam a que se faça justiça e que a verdade sobre a morte de Samora Machel seja finalmente revelada, quase quatro décadas depois do ocorrido.
Até ao momento, Joaquim Chissano ainda não se pronunciou sobre as novas revelações. Contudo, fontes próximas do antigo estadista negam categoricamente qualquer envolvimento em atos que tenham levado à morte de Samora Machel, considerando estas acusações como uma tentativa de reescrever a história com base em documentos cuja veracidade é, no mínimo, questionável.
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