Dirigente acusa presidente do partido de bloquear renovação interna e de conduzir a RENAMO à perda de relevância política.
António Muchanga, destacado membro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), fez duras críticas à atual direção do partido, afirmando que, se nada for feito, a organização corre sérios riscos de desaparecer do cenário político nacional. Segundo o político, a teimosia de Ossufo Momade em manter-se na liderança está a minar gravemente a coesão interna e a credibilidade externa da RENAMO.
Num discurso marcado por franqueza e tom de urgência, Muchanga lamentou o que considera ser uma “insistência prejudicial” por parte de Momade, que, na sua visão, se mostra incapaz de unir o partido e de responder aos desafios do presente. "A RENAMO, tal como a conhecemos, está a caminho da extinção, porque o atual presidente não aceita que a sua permanência na liderança está a enfraquecer as bases e a afastar os militantes", declarou.
A crise no seio da RENAMO, segundo analistas, tem vindo a agravar-se nos últimos anos, sobretudo após a morte do carismático líder Afonso Dhlakama. Desde então, o partido tem enfrentado dificuldades em manter a sua relevância política, com divisões internas, acusações de autoritarismo e perda de influência nas regiões onde tradicionalmente teve maior apoio.
Muchanga afirma que não é apenas uma questão de ambição pessoal, mas sim de sobrevivência política. "Se Ossufo Momade continuar a agarrar-se ao poder, ignorando os apelos dos militantes e das estruturas do partido, então a RENAMO corre o sério risco de desaparecer do mapa político moçambicano", alertou.
A recusa de Momade em convocar um congresso ou em abrir espaço para a renovação das lideranças tem alimentado o descontentamento. Diversas figuras influentes dentro da RENAMO já se manifestaram a favor de uma mudança urgente, considerando que o partido precisa de um novo rumo para se reerguer.
O clima de tensão é tal que há vozes dentro da própria estrutura partidária que defendem uma cisão, caso Momade não se afaste voluntariamente. Para Muchanga, no entanto, ainda há esperança de reconciliação e de reestruturação, mas apenas se for feito um esforço consciente para ouvir a base e reorganizar o partido de forma democrática.
Não estamos a pedir o impossível. Estamos a exigir o mínimo: que se respeitem os estatutos do partido, que se convoque um congresso legítimo e que se permita a participação de todos os que têm ideias e vontade de trabalhar pela RENAMO", disse.
Ossufo Momade, por sua vez, tem-se mantido em silêncio perante estas acusações, optando por não responder publicamente às críticas internas. No entanto, fontes próximas da direção asseguram que ele não tem intenções de deixar a liderança num futuro próximo, o que poderá intensificar ainda mais a crise interna.
Enquanto isso, os militantes e simpatizantes da RENAMO assistem com preocupação ao desdobramento dos acontecimentos, temendo que o partido acabe por perder todo o capital político acumulado ao longo de décadas de luta.
A continuar este impasse, a RENAMO poderá não apenas perder relevância nas próximas eleições, mas também sofrer uma erosão irreversível na sua estrutura organizacional, algo que António Muchanga e outros veteranos do partido tentam evitar a todo o custo.
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