Em discurso televisionado, presidente do Níger afirma que França, EUA e outros países mantêm negociações secretas com grupos extremistas para enfraquecer a Aliança dos Estados do Sahel.

O líder do Níger, general Abdourahmane Tchiani, fez duras críticas à França e a outras nações ocidentais, acusando-as de apoiar movimentos terroristas ativos na região do Sahel, que inclui Mali, Burkina Faso e o próprio Níger. Em pronunciamento transmitido pela televisão nacional, Tchiani afirmou que países como França e Estados Unidos estariam minando iniciativas locais de segurança e estabilidade, além de manterem contatos secretos com grupos extremistas como Boko Haram e Estado Islâmico da África Ocidental (ISWAP).

Segundo o presidente, a intenção desses países seria evitar que blocos regionais como a Aliança dos Estados do Sahel (AES) ganhem força e sirvam de modelo para outras nações africanas que desejam maior autonomia política e militar. “O nosso sucesso pode encorajar outros países a formarem alianças soberanas. E isso é exatamente o que os países ocidentais querem impedir”, declarou Tchiani durante seu discurso.

Ele também denunciou a realização de encontros reservados em Abuja, capital da Nigéria, nos primeiros meses do ano. De acordo com Tchiani, essas reuniões contaram com a presença de representantes da França, Estados Unidos, Nigéria, Benin e Costa do Marfim, e teriam como objetivo principal desestabilizar a aliança entre os países do Sahel, criada após sucessivos golpes de Estado que afastaram governos pró-Ocidente.

As declarações de Tchiani refletem o crescente afastamento dos regimes militares do Sahel em relação às antigas potências coloniais e à influência ocidental na região. Desde que assumiram o poder, os líderes de Mali, Burkina Faso e Níger têm intensificado a retórica contra a presença estrangeira, ao mesmo tempo em que buscam maior integração militar e política entre si.


Fonte: The African Dream (adaptado)