Líder de transição do Burkina Faso rejeita qualquer contacto com o Presidente de Angola, alegando que este representa um regime opressor e desrespeita os direitos do povo angolano.
O Presidente de Transição do Burkina Faso, Capitão Ibrahim Traoré, terá recusado uma proposta de diálogo ou encontro com o Presidente de Angola, João Lourenço. De acordo com fontes próximas da presidência burquinabê, Traoré foi claro e direto ao justificar a sua posição: “Não quero falar com João Lourenço porque ele oprime o povo angolano”.
A declaração contundente, que está a circular em círculos diplomáticos africanos, surge num momento em que várias lideranças do continente procuram reforçar alianças e promover o diálogo político. No entanto, para Ibrahim Traoré, esse tipo de aproximação só faz sentido quando há respeito mútuo pelos povos e pelos princípios de soberania popular.
Traoré tem-se destacado pelo seu discurso anti-imperialista e pela rejeição da ingerência externa nos assuntos internos dos países africanos. A sua liderança é frequentemente associada a uma postura de ruptura com as elites consideradas submissas aos interesses estrangeiros — e parece incluir João Lourenço nesse grupo.
Segundo analistas políticos regionais, esta recusa de diálogo pode ser interpretada como um sinal de reprovação à governação angolana, marcada por acusações internas e internacionais de repressão, corrupção e concentração de poder. Para Traoré, essas práticas seriam incompatíveis com os valores que pretende promover no Burkina Faso e no continente africano em geral.
A posição do líder burquinabê também sublinha uma crescente divisão ideológica entre diferentes blocos de liderança em África: de um lado, governos que procuram preservar os modelos democráticos sob orientação ocidental; do outro, regimes que reivindicam independência total de influência externa e adotam discursos nacionalistas e revolucionários.
Até ao momento, não houve qualquer reação oficial por parte do Governo angolano. No entanto, a recusa de Traoré pode representar mais do que um simples episódio diplomático — pode simbolizar uma mudança de paradigma nas relações entre líderes africanos, onde os princípios políticos e ideológicos estão a ganhar mais peso do que os protocolos tradicionais de cortesia entre Estados.
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