Nota de US$ 200 com bandeiras dos países-membros foi revelada no Fórum de São Petersburgo; aliança aposta em moeda própria e sistema em blockchain para reduzir dependência dos EUA.


Durante a edição de 2025 do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, foi apresentada publicamente uma nota simbólica do BRICS, com um valor nominal de 200 dólares norte-americanos. Embora ainda sem valor legal ou circulação real, o gesto tem um forte carácter político e estratégico, representando a ambição crescente do bloco em criar uma nova arquitectura financeira global, menos dependente do dólar.

Na face principal da nota estão representadas as bandeiras dos cinco membros fundadores do BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No verso, surgem os estandartes de diversos países parceiros, que têm vindo a estreitar relações económicas e diplomáticas com a aliança nos últimos anos, ampliando assim a sua influência geopolítica e reforçando a ideia de um mundo multipolar.

O lançamento desta nota está integrado numa estratégia mais ampla do grupo, que visa desenvolver uma nova moeda para transacções comerciais internacionais. O objectivo central é claro: reduzir a dependência do dólar americano como moeda de referência nas trocas comerciais globais e fomentar um sistema alternativo de pagamentos baseado em tecnologia blockchain, promovendo maior autonomia, transparência e segurança entre os membros e parceiros do bloco.

Esta movimentação tem gerado forte reacção por parte dos Estados Unidos, cujo sistema económico assenta, em grande parte, na supremacia global do dólar. Donald Trump, ex-presidente e figura ainda influente na política norte-americana, manifestou-se categoricamente contra esta iniciativa, considerando-a uma ameaça directa à hegemonia dos EUA no sistema financeiro internacional.

A criação de uma moeda alternativa e o uso de tecnologia descentralizada para pagamentos internacionais representam um desafio direto às estruturas tradicionais dominadas pelo Ocidente, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, cujas decisões muitas vezes refletem os interesses das grandes potências ocidentais.

Analistas acreditam que, embora ainda simbólico, este gesto do BRICS pode marcar o início de uma nova era nas finanças internacionais, onde mais países procuram diversificar as suas alianças e reduzir a vulnerabilidade a sanções e flutuações cambiais impostas por potências dominantes.

A proposta do BRICS vai ao encontro de um movimento global crescente que questiona a ordem económica estabelecida e procura alternativas mais justas, equilibradas e representativas das novas dinâmicas mundiais.