Executivo afirma que a Tabela Salarial Única não trará vantagens aos funcionários públicos devido aos encargos com o financiamento de tractores para transporte nas zonas rurais.




O Executivo moçambicano reconheceu recentemente que a tão aguardada implementação plena da Tabela Salarial Única (TSU) não trará benefícios imediatos para todos os funcionários do Estado. Segundo declarações oficiais, o Governo encontra-se actualmente a enfrentar constrangimentos orçamentais, sendo uma das prioridades financeiras a aquisição de tractores, o que limita significativamente os recursos disponíveis para a aplicação alargada da nova estrutura salarial.

A TSU, que foi inicialmente apresentada como uma reforma estrutural destinada a harmonizar os salários e melhorar a justiça remuneratória entre os quadros do Estado, tem enfrentado atrasos e recuos, sobretudo devido à difícil situação económica e à alocação de verbas para outras iniciativas governamentais. Entre estas, destaca-se a polémica compra de maquinaria agrícola, justificada como essencial para o desenvolvimento do sector agrário, mas que tem levantado críticas quanto à sua transparência e prioridade.

Funcionários de diversos sectores, incluindo saúde, educação e administração pública, expressaram desilusão com o anúncio. Muitos esperavam que a TSU trouxesse alívio financeiro e valorização profissional, mas agora veem os seus salários congelados ou reajustados de forma mínima, enquanto o Governo canaliza fundos para outras frentes.

O Ministério da Economia e Finanças referiu que, apesar das limitações actuais, o Executivo mantém o compromisso de cumprir com a implementação da TSU de forma faseada, à medida que a situação fiscal do país se for estabilizando. No entanto, essa promessa tem sido recebida com cepticismo, uma vez que os investimentos considerados "não prioritários" continuam a consumir recursos públicos significativos.

A oposição política e diversas organizações da sociedade civil têm questionado a real intenção por detrás da escolha de projectos como a compra dos tractores, alegando que existem indícios de favorecimento político e má gestão de fundos. Apontam ainda que a falta de transparência nesses processos compromete não apenas a confiança dos cidadãos, mas também o sucesso de reformas estruturais como a TSU.

Com a situação económica ainda frágil e as necessidades sociais em alta, cresce a pressão sobre o Governo para que reveja as suas prioridades e reforce a equidade na distribuição de recursos públicos. Para muitos trabalhadores do Estado, a esperança numa remuneração mais justa continua a ser adiada, enquanto observam, com frustração, decisões que consideram desfasadas das reais urgências do país.