Presidente brasileiro critica apoio de Trump à UNITA e alerta para tentativas de manipulação externa no processo eleitoral angolano de 2027.

O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou fortes críticas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusando-o de estar a interferir nos assuntos internos de Angola, ao manifestar apoio directo à candidatura da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) para as eleições gerais previstas para o ano de 2027.

Segundo Lula, Trump estaria a articular uma nova estratégia de influência económica na região austral de África, com foco particular no Corredor do Lobito, uma importante via ferroviária e logística que atravessa Angola, pretendendo condicionar as futuras parcerias comerciais e de investimento à eventual ascensão da UNITA ao poder em 2028.

TRUMP TERIA PEDIDO CANCELAMENTO DE ACORDOS COM O MPLA

De acordo com fontes citadas por Lula, o ex-presidente norte-americano terá dado orientações para que os actuais acordos relacionados com o Corredor do Lobito — estabelecidos entre empresas norte-americanas e o governo do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço — fossem revogados, com base em alegadas denúncias de corrupção envolvendo várias entidades ligadas ao projecto.

Lula da Silva classificou esta postura como uma "ingerência externa grave" e não poupou palavras ao criticar Trump. Numa mensagem publicada nas suas redes sociais, o líder brasileiro chamou Trump de "intruso político", afirmando que este estaria a tentar manipular o futuro político de Angola com interesses geoestratégicos e económicos ocultos.

LULA MANTÉM APOIO AO MPLA

Lula reiterou o seu apoio firme ao actual governo angolano, liderado pelo MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), no poder desde a independência do país em 1975. O presidente brasileiro sublinhou que considera João Lourenço um parceiro fiável na luta contra a desigualdade e na promoção da cooperação sul-sul, reforçando o seu compromisso diplomático com o governo angolano.

"Angola deve decidir o seu próprio destino sem interferências externas disfarçadas de promessas económicas", afirmou Lula, acrescentando que Trump está a comportar-se como um “fantoche da desestabilização” com objectivos puramente comerciais.

RESPOSTA CONTUNDENTE DE TRUMP A LULA DA SILVA

A reacção de Donald Trump não se fez esperar. Também através da rede social Twitter, o ex-presidente dos Estados Unidos respondeu de forma agressiva às declarações de Lula, usando linguagem ofensiva e acusando o líder brasileiro de corrupção.

“Lula é um doente mental e um corrupto incurável. Está a meter-se onde não é chamado. Está associado a redes de corrupção e não terá qualquer apoio do meu governo”, escreveu Trump.

Trump foi ainda mais longe ao acusar Lula de colocar a economia brasileira em risco de colapso, classificando o Presidente do Brasil como “um prostituto político aliado de governos africanos igualmente corruptos”.

O presidente americano assegurou que, caso volte ao poder, os Estados Unidos estarão plenamente comprometidos com o desenvolvimento económico de África, mas apenas com líderes que, segundo ele, demonstrem “responsabilidade e visão estratégica”.

Os actuais governantes africanos falharam em erradicar a pobreza extrema. Mas eu tenho um plano sólido para impulsionar o crescimento económico do continente”, concluiu.

CONTEXTO GEOPOLÍTICO E REPERCUSSÕES

Este confronto verbal entre duas figuras proeminentes da política mundial acontece num contexto geopolítico cada vez mais tenso, em que a influência externa nos processos eleitorais africanos levanta sérias preocupações quanto à soberania dos Estados e à transparência democrática.

Especialistas consideram que esta troca de acusações poderá ter impactos nas relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos, e também nas dinâmicas políticas internas de Angola, que se prepara para um novo ciclo eleitoral altamente disputado.