Oficial das Forças Armadas denuncia selectividade nas acusações contra Mondlane e defende que figuras como Nyusi, Chapo e Bernardino Rafael deviam igualmente ser responsabilizadas pelos mesmos crimes.
Um militar moçambicano, cuja identidade permanece resguardada por motivos de segurança, veio a público denunciar o que considera ser uma clara perseguição política contra o candidato presidencial Venâncio Mondlane. Segundo o oficial, estão a ser formuladas cinco acusações graves contra Mondlane, mas, na sua perspectiva, estas deveriam igualmente ser dirigidas a diversas figuras de topo da esfera política e militar moçambicana.
De acordo com a sua análise, os verdadeiros responsáveis por actos que agora se tentam imputar exclusivamente a Mondlane estariam nas estruturas mais elevadas do poder. “Foi desde o início que tudo começou”, declarou, insinuando que as acusações não passam de uma manobra deliberada para afastar o candidato da corrida eleitoral e silenciar a oposição.
O militar não poupou nomes e foi categórico ao identificar personalidades que, no seu entender, deveriam também responder perante a justiça pelos mesmos crimes atribuídos a Mondlane. Entre os mencionados encontram-se o antigo Presidente da República, Filipe Nyusi; o actual Chefe de Estado, Daniel Chapo; o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael; o ex-ministro do Interior, Pascual Ronda; a presidente do Conselho Constitucional, Veneranda Lúcia Ribeiro; e o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Tom Carlos Matsinhe.
A denúncia ganha contornos ainda mais delicados ao lembrar um episódio recente protagonizado por Daniel Chapo. O actual Presidente terá, em discurso veiculado pelos meios de comunicação, declarado que “sangue irá jorrar”, uma afirmação que o militar considera ser uma incitação aberta à violência, inadmissível para alguém na sua posição. Segundo o denunciante, esse tipo de retórica deveria ser alvo de responsabilização criminal, por colocar em risco a estabilidade e a paz social.
Estas revelações surgem num momento particularmente tenso no país, marcado por manifestações crescentes da população e por um clima de desconfiança em relação à actuação das instituições do Estado. Muitos acusam estas estruturas de estarem a ser instrumentalizadas para fins partidários e repressivos, minando o processo democrático.
A declaração do militar reforça o coro de críticas que tem vindo a crescer nos últimos meses, sobretudo em relação à forma como a justiça tem sido aplicada com aparente parcialidade. Para muitos observadores, estas acusações agravam ainda mais a crise política e institucional em Moçambique, lançando sérias dúvidas sobre a transparência do próximo processo eleitoral.
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