Líder histórico da resistência, Afonso Dhlakama foi silenciado por forças internas e externas; hoje, Venâncio Mondlane emerge como o continuador da luta pela justiça e verdadeira democracia em Moçambique.

Afonso Dhlakama não foi apenas um político tradicional. Representou, ao longo de décadas, o símbolo da resistência moçambicana, o rosto de uma luta incansável por justiça, liberdade e dignidade para milhões de cidadãos esquecidos. Ele ergueu-se num tempo de escuridão, quando a esperança era escassa e a repressão prevalecia. Foi a voz de quem não tinha voz, o líder que ousou enfrentar os pilares de um sistema profundamente viciado e alicerçado na exclusão.

Contudo, o seu percurso foi abruptamente interrompido. Embora tenha lutado por eleições justas e uma paz genuína, foi travado por interesses obscuros que transcendem as fronteiras nacionais. Muitos acreditam que, em vez de apoiar o processo democrático, instituições internacionais como a União Europeia adoptaram uma postura passiva, se não cúmplice, diante de irregularidades gritantes. O silêncio europeu perante os apelos de Dhlakama, e perante as injustiças evidentes, contribuiu para um cenário em que a mudança foi adiada, e a democracia, manipulada.

Apesar disso, o espírito de Dhlakama não morreu. Vive agora na coragem, na acção e na visão de Venâncio Mondlane. Mais do que um sucessor político, Mondlane surge como o verdadeiro herdeiro do ideal de um Moçambique livre, justo e inclusivo. Com um discurso firme, propostas claras e uma ligação profunda com as bases populares, ele representa aquilo que muitos consideram ser a continuidade da missão inacabada de Dhlakama.