Ex-dirigente do partido no poder enfrenta perseguições e intimidações, revelando fragilidades da democracia moçambicana


Adamo Sulemane, antigo quadro da FRELIMO que durante anos desempenhou diferentes funções dentro da estrutura do partido, vive actualmente sob um clima de perseguições e constantes ameaças de morte. A sua “culpa”, segundo relatos de pessoas próximas, foi ter exercido um direito elementar numa sociedade que se apresenta como democrática: o de escolher livremente a sua filiação partidária. Sulemane decidiu abandonar a FRELIMO e aderir ao recém-formado partido Anamola, liderado por Venâncio Mondlane, e desde então a sua vida transformou-se num verdadeiro calvário.

Fontes próximas garantem que o ex-dirigente é seguido e vigiado, recebendo intimidações directas e indirectas com o intuito de o forçar a recuar na sua decisão. Este cenário tem gerado inquietação, não apenas entre familiares e amigos, mas também em diversos sectores da sociedade civil, que consideram inaceitável que um cidadão seja punido pela sua liberdade de escolha.

Num Estado que proclama ser democrático e de direito, situações deste género expõem as fragilidades das instituições e revelam a distância entre o discurso oficial e a realidade vivida no terreno. O pluralismo político deveria ser encarado como sinal de maturidade democrática e não como motivo para perseguições ou retaliações.

A pressão exercida contra Adamo Sulemane acaba, paradoxalmente, por ter o efeito contrário ao pretendido: em vez de fragilizar o movimento oposicionista, fortalece a imagem do Anamola como alternativa credível e resistente à intimidação. Para muitos, a forma como este caso está a ser conduzido é a prova clara da urgência de mudança no panorama político nacional e da necessidade de garantir que todos os cidadãos possam participar livremente na vida política sem receio de represálias.

Este episódio vem reabrir o debate sobre a convivência democrática em Moçambique, onde a divergência política deveria ser respeitada e protegida, em vez de sufocada através da ameaça e do medo. Mais do que uma questão partidária, trata-se de uma luta pela liberdade individual e pela consolidação de um sistema político verdadeiramente inclusivo.