Ex-presidentes e candidato presidencial protagonizam discurso polémico, marcado por contradições, promessas repetidas e tentativas de reescrever a história perante um povo cada vez mais consciente.


Num episódio que muitos consideram uma afronta à inteligência do povo moçambicano, os antigos presidentes Joaquim Chissano, Armando Guebuza, e o actual candidato presidencial Daniel Chapo voltaram a protagonizar momentos de discurso político recheados de contradições, meias-verdades e promessas recicladas. A transmissão foi feita em directo e rapidamente gerou reacções acesas nas redes sociais e entre analistas políticos.

Num evento que mais parecia uma encenação bem ensaiada do que um acto de prestação de contas, os três líderes discursaram como se não fossem, em grande parte, responsáveis pelas crises sociais, económicas e políticas que assolam Moçambique. Entre elogios mútuos, frases feitas e apelos à continuidade, ficou clara a tentativa de branquear décadas de governação marcada por escândalos de corrupção, má gestão de recursos e autoritarismo disfarçado.

A população, cada vez mais esclarecida, não ficou indiferente. Muitos acusam os três de estarem a mentir descaradamente ao país, tentando reescrever a história e distorcer os factos. "Estão a subestimar o povo, como se não soubéssemos quem realmente somos e de onde viemos", disse um cidadão indignado à margem do evento.

As palavras de Chapo, apresentando-se como "o rosto da mudança", foram particularmente criticadas. Para muitos, não passa de uma continuação do mesmo sistema, com uma nova embalagem. A sua ligação directa à FRELIMO e o apoio incondicional de Chissano e Guebuza levantam sérias dúvidas sobre qualquer ideia de renovação.

Este episódio ao vivo serviu, para muitos, como uma prova clara de que a elite política dominante continua a actuar como se estivesse acima da verdade, da justiça e do sofrimento do povo. A encenação falhou em convencer os cidadãos mais atentos e críticos, que exigem responsabilidade, transparência e uma verdadeira mudança.