Militantes e simpatizantes inflamam disputa política entre Maputo e Luanda, com críticas ferozes aos presidentes Daniel Chapo e João Lourenço
Nos últimos dias, têm-se intensificado os ataques verbais e as trocas de acusações entre figuras políticas dos dois maiores partidos no poder em África Austral: a FRELIMO, de Moçambique, e o MPLA, de Angola. A disputa ganhou contornos ainda mais tensos quando apoiantes e membros influentes de ambos os partidos começaram a dirigir duras críticas aos presidentes Daniel Chapo e João Lourenço, respetivamente.
A polémica rebentou nas redes sociais e em alguns meios de comunicação alternativos, onde militantes e simpatizantes das duas formações políticas entraram numa guerra aberta de palavras. As críticas não poupam os líderes máximos dos dois países, que são acusados mutuamente de má governação, corrupção e repressão das liberdades civis.
No caso de Moçambique, apoiantes do partido no poder consideram que Angola, sob a liderança de João Lourenço, tem adoptado uma postura arrogante e desrespeitosa, interferindo em assuntos internos moçambicanos. Já do lado angolano, há quem acuse Daniel Chapo de falta de legitimidade e de liderar um governo enfraquecido, sobretudo devido às crescentes manifestações populares e denúncias de má gestão.
O conflito político entre FRELIMO e MPLA não é novo, mas a atual tensão parece ultrapassar os bastidores diplomáticos e está agora a ser travada publicamente, com implicações graves para a relação bilateral entre os dois países. Especialistas em política africana alertam que esta rivalidade poderá comprometer a cooperação regional e os esforços conjuntos no combate à pobreza, ao tráfico de drogas e à insegurança fronteiriça.
Em declarações a um canal de televisão estrangeiro, um analista moçambicano afirmou: “A FRELIMO e o MPLA sempre se viram como irmãos históricos, mas agora parece que essa irmandade está a ruir sob o peso das suas próprias contradições internas.”
Apesar da escalada de tensão, nem Daniel Chapo nem João Lourenço se pronunciaram oficialmente sobre o conflito. Ambos têm mantido o silêncio, enquanto os seus porta-vozes e membros do governo tentam minimizar a gravidade da situação, classificando os incidentes como “mal-entendidos entre camaradas”.
No entanto, a população observa com preocupação. Em vários bairros periféricos de Maputo e Luanda, há receios de que a retórica agressiva entre os partidos possa resultar em clivagens sociais e até mesmo em episódios de violência entre comunidades simpatizantes das duas formações políticas.
A comunidade internacional também começa a manifestar inquietação. Organizações regionais como a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) têm apelado à moderação e ao diálogo entre os dois países irmãos, pedindo que os laços históricos de solidariedade prevaleçam sobre os interesses partidários e pessoais.
Neste momento delicado, o futuro das relações entre Moçambique e Angola permanece incerto, com muitos a perguntarem-se se os líderes atuais terão a capacidade de travar o conflito antes que se transforme numa crise diplomática de maiores proporções.
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