Depois de um professor ter sido afastado pelo penteado, agora uma criança da 2.ª classe é impedida de frequentar a escola pelo mesmo motivo, levantando críticas sobre prioridades e discriminação no sistema de ensino moçambicano.

Depois do polémico episódio em que um professor foi afastado das suas funções apenas por causa do estilo de cabelo, surge agora um novo e ainda mais alarmante caso: uma criança da 2.ª classe foi igualmente impedida de frequentar as aulas devido à sua aparência capilar.

Este incidente, que está a gerar revolta nas redes sociais e entre vários sectores da sociedade civil, levanta sérias questões sobre os critérios disciplinares adoptados por algumas instituições de ensino em Moçambique. Afinal, será o penteado mais importante do que o direito à educação?

Segundo relatos de testemunhas e pais de alunos, a criança em causa apresentou-se na escola com um corte de cabelo considerado “inadequado” pela direcção do estabelecimento. Sem qualquer aviso prévio aos encarregados de educação ou tentativa de diálogo, os responsáveis optaram por afastar o menor das aulas uma medida vista por muitos como desproporcionada e discriminatória.

A reacção pública não se fez esperar. Vários internautas ironizaram a situação, sugerindo que até figuras públicas como VM7 (Venâncio Mondlane) e DT7 (possivelmente Daniel Chapo) teriam de “cortar o cabelo” para não serem excluídas das suas funções, numa crítica aberta à rigidez e ao absurdo da situação.

Especialistas em educação e direitos humanos alertam para o perigo destas práticas, que além de violarem o direito fundamental à educação, promovem padrões discriminatórios baseados em normas ultrapassadas de aparência. Num país com tantos desafios no sector educativo, desde a falta de recursos até às elevadas taxas de abandono escolar, este tipo de prioridade por parte de algumas direcções escolares é, no mínimo, preocupante.

Enquanto o debate cresce, muitos perguntam-se: será que o sistema de ensino moçambicano está mais preocupado com cortes de cabelo do que com a qualidade do ensino? E quem será o próximo a ser excluído por não se encaixar em normas visuais arbitrárias?