Denúncias revelam que estruturas do próprio Estado podem estar ligadas a operações ilegais que atentam contra a vida, mostrando que a impunidade continua a proteger os chamados “intocáveis
Muitos continuam a desvalorizar ou a evitar um debate sério sobre a existência dos chamados esquadrões da morte e sobre as execuções extrajudiciais que, infelizmente, ainda fazem parte da nossa realidade. Trata-se de um assunto de enorme importância, que não pode ser silenciado nem relegado para segundo plano, pois toca diretamente no respeito pelos direitos humanos, na dignidade das pessoas e na própria credibilidade do Estado de Direito.
Há indivíduos considerados “intocáveis”, pessoas que, pela sua posição ou influência, agem como se estivessem acima da Constituição e das leis. Esses actores violam de forma consciente e deliberada o princípio mais sagrado: o direito à vida. E este fenómeno não é recente, tem uma história marcada por episódios de violência seletiva, muitas vezes com o intuito de calar vozes incómodas. Não são apenas jornalistas que se tornam alvo destas práticas, mas também cidadãos de diferentes esferas, sempre que representam uma ameaça aos interesses de determinados grupos.
Importa sublinhar que tais operações não são obra de desconhecidos invisíveis, mas envolvem elementos concretos, com nomes e rostos, frequentemente associados a instituições públicas que deveriam garantir a proteção da sociedade. Este facto agrava ainda mais a gravidade da situação, pois demonstra que estruturas do próprio Estado podem ser usadas para fins obscuros e contrários à legalidade.
Falo não apenas como observadora, mas também como vítima. Eu própria enfrentei de perto essa realidade, tendo sobrevivido de forma quase milagrosa a um episódio que pretendia pôr fim à minha vida. Desde então, a luta pela recuperação da minha saúde física e emocional tem sido constante, marcada por cicatrizes visíveis e invisíveis. É por isso que levanto a minha voz, porque sei, na pele, o peso desta violência.
É fundamental afirmar, com toda a clareza, que ninguém está acima da lei. Nenhuma posição, cargo ou influência deve conferir imunidade a quem comete crimes desta natureza. Por maior que seja a sua reputação ou poder, nenhum ser humano é demasiado grande para não ser responsabilizado. O silêncio e a impunidade só alimentam a repetição destas atrocidades; já a coragem de denunciar e exigir justiça abre caminho para que um dia possamos viver numa sociedade em que a vida de cada cidadão seja verdadeiramente respeitada.
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