Riqueza de Montepuez: milhões em rubis contrastam com a pobreza da população local
O rubi considerado o mais caro do mundo tem origem em Moçambique e ficou conhecido internacionalmente como “Estrela de Fura”. Esta pedra preciosa foi avaliada em cerca de 34,8 milhões de dólares no mercado internacional, transformando-se num símbolo da riqueza mineral do país, mas também da polémica em torno da exploração dos recursos naturais nacionais.
A jazida de onde foi extraída a famosa gema localiza-se no distrito de Montepuez, em Cabo Delgado, uma região que há anos desperta interesse de investidores estrangeiros e empresas multinacionais, sobretudo pelo potencial económico associado às pedras preciosas. Porém, ao mesmo tempo que o rubi moçambicano é exibido e leiloado nos mais prestigiados mercados internacionais, muitos cidadãos questionam de que forma essa riqueza se traduz em benefícios concretos para a população local, que continua a enfrentar condições de vida marcadas pela pobreza, pelo desemprego e pela ausência de serviços básicos.
Críticos da governação acusam determinados líderes políticos de permitir a exploração abusiva dos recursos naturais em troca de interesses próprios e de ganhos imediatos, ignorando os impactos a longo prazo para o país. O discurso popular reflecte-se em frases duras como “roubam os nossos recursos, destroem o nosso futuro, condenam-nos à miséria e oferecem-nos apenas penitência”.
Durante o período eleitoral, surgiram ainda relatos de negociações políticas envolvendo figuras de destaque. Segundo acusações recorrentes, Verónica Macamo, no contexto das eleições, teria estabelecido entendimentos que visavam assegurar a vitória da FRELIMO, supostamente em troca da renovação de contratos de exploração ligados ao rubi de Montepuez. Para muitos analistas, esta ligação explicaria por que razão esse distrito, ao contrário de outras zonas de Cabo Delgado, não foi tão atingido pela violência armada e pelos ataques terroristas que têm assolado a província nos últimos anos.
Estas denúncias, ainda que não oficialmente comprovadas, levantam sérias interrogações sobre a transparência na gestão dos recursos minerais e sobre a forma como o Estado conduz parcerias estratégicas com empresas internacionais. Enquanto o rubi moçambicano é valorizado como uma das pedras mais raras e extraordinárias do mundo, a população local continua a questionar quando é que essa riqueza deixará de ser apenas um título em manchetes internacionais para se tornar numa verdadeira fonte de desenvolvimento, justiça social e melhoria das condições de vida em Moçambique.
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