Convite formal dirigido a congregações religiosas levanta críticas sobre a utilização da fé para fins políticos em Maputo
Nos últimos dias tem-se multiplicado a polémica em torno da forma como algumas autoridades locais estão a lidar com instituições religiosas. Em KaTembe, distrito municipal da cidade de Maputo, a Administração enviou convites formais a diversas igrejas, solicitando que mobilizem os seus fiéis para estarem presentes num comício do Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, agendado para o dia 29 de agosto de 2025, nas mangueiras do Bairro Chali.
Um dos ofícios, dirigido à Igreja Nossa Senhora das Mercês e assinado pela chefe da secretaria, pede explicitamente que todos os crentes da congregação se façam presentes no evento político. O documento, datado de 16 de agosto de 2025, refere que a ordem partiu por orientação direta do Administrador do Distrito Municipal de KaTembe, reforçando a necessidade de “participação comunitária” no encontro com o Chefe de Estado.
Esta situação tem gerado desconforto e críticas em alguns setores da sociedade, que entendem que a liberdade religiosa não deve ser confundida com a mobilização política. Para alguns observadores, a medida lembra episódios anteriores em que igrejas que não aderiram a certas diretrizes políticas enfrentaram dificuldades administrativas ou até encerramentos, como ocorreu recentemente na província de Nampula.
As vozes críticas consideram que “quando não se quer alguém, não há forçamentos que mudem a realidade”, sublinhando que a fé e a política não devem ser instrumentalizadas para fins de legitimação partidária.
Até ao momento, nem a Administração Distrital de KaTembe nem a Presidência da República reagiram publicamente às acusações de pressão sobre instituições religiosas.
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