Moçambique e Angola enfrentam perdas anuais superiores a 580 mil milhões de dólares devido ao peso da dívida pública


Moçambique, governado pela FRELIMO, e Angola, administrado pelo MPLA, encontram-se entre os países africanos mais castigados pelo impacto da dívida pública. De acordo com estimativas de especialistas em economia e finanças internacionais, os dois Estados, em conjunto, perdem anualmente valores que ultrapassam os 580 mil milhões de dólares norte-americanos.

Este montante astronómico não representa apenas números em relatórios financeiros; traduz-se num verdadeiro fardo para milhões de cidadãos, que veem recursos nacionais drenados para o pagamento de encargos externos em detrimento de investimentos sociais. Saúde, educação, habitação, criação de empregos e infraestruturas acabam sistematicamente em segundo plano, enquanto grande parte das receitas nacionais é canalizada para amortizar dívidas acumuladas ao longo de décadas.

Em ambos os países, a dívida pública tem vindo a crescer de forma alarmante. Em Moçambique, episódios como o escândalo das “dívidas ocultas” agravaram a situação, gerando descrédito internacional e condicionando o acesso a novos financiamentos. Já em Angola, a dependência prolongada do petróleo como principal fonte de receita expôs fragilidades estruturais da economia, tornando o país extremamente vulnerável às flutuações do mercado internacional.

Economistas alertam que a soma destas perdas corresponde, na prática, a um esvaziamento contínuo das riquezas do continente africano. Trata-se de uma situação que perpetua a dependência externa e limita a capacidade de desenvolvimento autónomo das nações. Em vez de se traduzir em melhores condições de vida para os povos, os recursos são absorvidos pelo serviço da dívida e por compromissos financeiros que beneficiam, em muitos casos, elites políticas e económicas, deixando a maioria da população à margem.

Cidadãos moçambicanos e angolanos questionam-se até quando esta realidade se manterá. A insatisfação cresce, sobretudo entre os jovens, que enfrentam falta de oportunidades e veem no endividamento um obstáculo directo ao futuro das próximas gerações.

A dívida pública, que deveria ser um instrumento para alavancar o progresso, transformou-se num ciclo vicioso de dependência, com consequências devastadoras. O valor anual perdido mais de 580 mil milhões de dólares  equivale a várias vezes os orçamentos anuais de sectores vitais e representa um entrave colossal ao desenvolvimento de ambos os países.