Henriques Naweka diz que a Frelimo só largará o poder com a segunda vinda de Cristo e acusa o Ministério da Justiça de bloquear partido de Venâncio Mondlane



Henriques Naweka, secretário provincial da ACLIN (Associação Cívica de Luta pela Igualdade Nacional) em Nampula, voltou a fazer declarações contundentes sobre a situação política em Moçambique. Durante uma intervenção pública, o dirigente acusou a Frelimo de se agarrar ao poder de forma quase eterna, afirmando que “o partido só sairá do poder no dia em que Cristo voltar à Terra  e se Cristo não regressar, nem mesmo um golpe conseguirá removê-los”.

Segundo Naweka, a estrutura política moçambicana está de tal forma capturada pela Frelimo que qualquer tentativa de mudança real é automaticamente sufocada pelo próprio sistema. Ele alega que as instituições estatais, nomeadamente o Ministério da Justiça, estão completamente instrumentalizadas a favor do partido no poder, actuando como barreiras legais contra iniciativas da oposição.

Como exemplo, apontou a situação do novo partido político liderado por Venâncio Mondlane, uma das figuras mais proeminentes da oposição no país. De acordo com Naweka, este partido enfrenta grandes obstáculos para ser legalizado, precisamente porque, na sua visão, o Ministério da Justiça “funciona como um departamento interno da Frelimo”, impedindo intencionalmente a aprovação de novas formações políticas que ameacem o domínio do partido governante.

“O partido de Venâncio Mondlane não será aprovado. Não porque esteja fora da lei, mas porque a lei é aplicada por quem tem interesses políticos. E neste caso, o Ministério da Justiça está completamente alinhado com a Frelimo”, afirmou o secretário da ACLIN, visivelmente crítico.

As palavras de Naweka foram recebidas com atenção nas redes sociais e círculos políticos, onde muitos cidadãos e analistas começaram a questionar a real independência das instituições moçambicanas e o estado da democracia no país. Embora alguns considerem o discurso uma provocação simbólica, há quem veja nele um reflexo fiel do desespero e da frustração de muitos moçambicanos perante um cenário político que parece cada vez mais fechado e controlado.

Henriques Naweka terminou a sua intervenção apelando à sociedade civil para que continue a lutar por uma verdadeira alternância de poder e pelo respeito ao pluralismo democrático, advertindo que “sem justiça independente, não há democracia – e sem democracia, não há esperança de futuro”.