Campanha promovida como gesto solidário levanta suspeitas de desvio de fundos e manipulação política, deixando o povo moçambicano desconfiado e indignado.




O povo moçambicano está, mais uma vez, no centro de uma polémica que levanta sérias dúvidas sobre a integridade das instituições públicas e políticas. Uma campanha promovida pela Televisão de Moçambique (TVM), com o apoio aberto da FRELIMO, solicita que cada cidadão contribua com apenas 1 metical, alegadamente para fins solidários. No entanto, por detrás desta aparente boa acção esconde-se um mecanismo de captação de fundos cuja transparência é fortemente questionada.

A iniciativa, que tem sido amplamente divulgada nos meios de comunicação estatais e encabeçada por figuras públicas ligadas à TVM, está a ser apresentada como um gesto de apoio aos mais necessitados. Contudo, várias fontes independentes denunciam que os valores recolhidos não estão a ser devidamente justificados nem canalizados de forma clara para os fins anunciados. Em vez de beneficiar quem realmente precisa, esta recolha massiva de fundos parece alimentar um sistema corrupto que continua a enriquecer uns poucos à custa da maioria empobrecida.

É mais uma manobra encapotada que tenta transformar um gesto aparentemente nobre numa fonte de enriquecimento ilícito. Enquanto se apela à generosidade dos moçambicanos, muitos deles a viver com enormes dificuldades, milhões de meticais circulam sem prestação de contas, reforçando uma estrutura de poder cada vez mais desconectada da realidade do povo.

Moçambique precisa de estar atento. Não é caridade quando falta clareza. Não é solidariedade quando há aproveitamento político.