Militar sugere forças próprias no partido ANAMOLA para reforçar Venâncio Mondlane nas eleições de 2029
Um militar moçambicano causou recentemente polémica ao sugerir que Venâncio Mondlane, atual líder do partido ANAMOLA, deveria organizar forças próprias dentro da sua formação política. De acordo com as declarações, essa medida seria necessária para equilibrar o cenário político nacional, uma vez que a FRELIMO, partido no poder há quase meio século, dispõe de instrumentos de segurança do Estado como a Polícia da República de Moçambique e a Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que, segundo muitos críticos, acabam por servir também como suporte ao partido governamental.
O militar defendeu que, na sua perspetiva, Mondlane precisa de criar uma estrutura de segurança interna no seio do partido ANAMOLA, capaz de garantir a proteção dos seus dirigentes, militantes e simpatizantes. Essa força, ainda que não oficial, seria, segundo o proponente, um pilar fundamental para enfrentar os próximos ciclos eleitorais, nomeadamente as eleições autárquicas e gerais de 2029. Para o autor da proposta, apenas com uma capacidade própria de organização e defesa, o partido de Mondlane poderá concorrer em igualdade de circunstâncias e alcançar uma vitória convincente.
A ideia, contudo, levanta diversas questões legais e políticas. Em Moçambique, a Constituição e a lei não permitem a existência de forças paramilitares ligadas a partidos políticos. O monopólio do uso legítimo da força está reservado ao Estado e às suas instituições oficiais de defesa e segurança. Nesse sentido, a proposta de um militar a favor de forças próprias da ANAMOLA é vista por analistas como um sinal da crescente desconfiança em relação à neutralidade das instituições estatais.
Observadores sublinham que esta declaração pode ser interpretada como um reflexo do sentimento de frustração de parte da sociedade, que acusa o partido no poder de instrumentalizar a polícia e outras forças de segurança para benefício político. A oposição tem, ao longo dos anos, denunciado perseguições, intimidações e repressões em manifestações e campanhas eleitorais, o que tem alimentado a perceção de um campo de jogo desigual no processo democrático moçambicano.
Venâncio Mondlane, que nos últimos anos se consolidou como uma das figuras mais influentes da oposição, enfrenta um desafio complexo: manter a mobilização dos seus apoiantes, sobretudo jovens, sem cair em iniciativas que possam ser interpretadas como ilegais ou perigosas para a estabilidade nacional. A possibilidade de criar uma força armada própria não só seria vista como uma afronta ao Estado de direito, como também poderia intensificar os níveis de tensão política, com risco de confrontos entre simpatizantes da oposição e forças estatais.
Ainda assim, a sugestão demonstra a dimensão do debate atual em torno da segurança, da proteção dos opositores e da equidade eleitoral em Moçambique. Para muitos cidadãos, a questão central não é a criação de novas forças, mas sim a necessidade de garantir que as instituições nacionais atuem de forma isenta, servindo todos os moçambicanos independentemente
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