Líder do ANAMOLA alerta para falhas técnicas em novo avião da LAM e denuncia alegada má gestão e enriquecimento ilícito do governo


O presidente do partido ANAMOLA, Venâncio Mondlane, voltou a posicionar-se de forma contundente em relação à gestão das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), empresa pública que nos últimos dias tem estado no centro de polémicas devido à aquisição de um novo avião que já apresenta falhas técnicas consecutivas.

Segundo Mondlane, a situação que envolve a LAM é “um exemplo claro de má governação e de falta de responsabilidade”, acusando o executivo dirigido por Daniel Chapo de “continuar a roubar os moçambicanos através de decisões desastrosas e pouco transparentes”. O líder da oposição considera que a companhia aérea nacional, em vez de ser um símbolo de orgulho e desenvolvimento, transformou-se numa fonte permanente de escândalos e prejuízos para o erário público.

As críticas surgem na sequência da recente polémica com a compra de uma aeronave pela LAM, que custou aproximadamente seis milhões de dólares. O avião, apresentado como parte da renovação da frota, registou avarias técnicas logo após os primeiros voos de operação. Em apenas três dias consecutivos, a aeronave enfrentou problemas mecânicos que afetaram o normal funcionamento das ligações aéreas.

Entre as falhas reportadas, destacam-se avarias no sistema de navegação VOR, fundamentais para a orientação da aeronave, bem como defeitos no trem de aterragem (“landing gear”), que obrigaram a sucessivas reprogramações de voos. Passageiros em diferentes rotas viram-se sujeitos a atrasos e constrangimentos, o que gerou ainda mais descontentamento em torno da companhia aérea.

Mondlane afirma que este episódio confirma aquilo que tem denunciado há anos: a utilização da LAM como “máquina de negócios obscuros” que, em vez de servir os cidadãos, tem sido usada como veículo de enriquecimento ilícito por parte de quem governa. “Não se pode continuar a brincar com a vida do povo. Se a LAM não consegue cumprir a sua função com segurança e transparência, então deve-se pôr fim a este tipo de negócios que apenas servem para sugar o dinheiro dos contribuintes”, declarou.

O dirigente da oposição recordou ainda que administrações anteriores da própria LAM haviam rejeitado a compra do mesmo modelo de avião por considerarem que o seu estado não era adequado para operar em condições de segurança. Na altura, a aeronave tinha sido oferecida por meio de uma operação de “lease & buy” avaliada em cerca de 1,5 milhão de dólares. A diferença de valores, segundo Mondlane, revela “um esquema de aproveitamento financeiro que precisa de ser investigado a fundo”.

O político concluiu a sua intervenção exigindo maior fiscalização sobre as empresas públicas e pedindo uma auditoria independente à gestão da LAM, para que se esclareçam as razões pelas quais a companhia continua a acumular prejuízos e a representar uma ameaça à confiança dos passageiros.