Dom Inácio Saúre denuncia ocupação ilegal de património da Igreja em Nampula e apela ao diálogo com o Estado para reposição da justiça
O Arcebispo da Arquidiocese de Nampula, Dom Inácio Saúre, lançou um apelo público denunciando a ocupação ilegal de terrenos pertencentes à Igreja Católica naquela província do norte de Moçambique. De acordo com o prelado, várias áreas e infraestruturas que se encontram sob a jurisdição da congregação católica foram tomadas, em parte por entidades privadas e, noutros casos, pelo próprio Estado.
Dom Inácio Saúre sublinhou que a Igreja não se opõe ao desenvolvimento de projetos que tragam benefícios para a população, mas advertiu que a apropriação de terrenos sem consulta nem compensação fere princípios de justiça e compromete a missão pastoral da instituição. “O que é da Igreja deve ser respeitado, pois tem uma finalidade social, educativa e espiritual que serve toda a comunidade”, afirmou o Arcebispo, reforçando que a restituição das propriedades é uma questão de legalidade e de respeito mútuo.
As infraestruturas em causa incluem edifícios que, ao longo de décadas, foram erguidos com o contributo de fiéis e missionários, muitos dos quais dedicaram as suas vidas ao serviço das comunidades locais. O líder da Arquidiocese recordou que a Igreja tem desempenhado um papel crucial em áreas como educação, saúde e ação social, pelo que a perda desses espaços representa não apenas um dano patrimonial, mas também uma limitação da sua capacidade de apoiar os mais necessitados.
A denúncia do Arcebispo surge num momento em que várias organizações religiosas e civis em Moçambique têm manifestado preocupações semelhantes, apontando para a falta de clareza na gestão de terrenos e imóveis que, em diferentes períodos, foram cedidos, ocupados ou requalificados pelo Estado sem o devido enquadramento legal.
Dom Inácio Saúre apelou ao diálogo entre a Igreja e as autoridades governamentais, defendendo que apenas através de entendimento será possível repor a justiça e salvaguardar o património que pertence, em última instância, à comunidade cristã. O Arcebispo frisou ainda que a Igreja continua aberta à cooperação com o Estado, mas exige que os direitos da instituição sejam reconhecidos e respeitados.
A posição agora tornada pública poderá intensificar o debate sobre a titularidade de terrenos e infraestruturas em Nampula e noutras províncias, um tema que tem vindo a gerar disput
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