Governante promete falar apenas com outros órgãos de comunicação social, levantando dúvidas sobre liberdade de imprensa e direito do público à informação.


actual Ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, lançou fortes críticas à TV Sucesso, acusando o canal televisivo de estar a promover uma alegada “campanha” contra a sua pessoa. Num tom de descontentamento, Matlombe deixou claro que, doravante, não prestará mais declarações à referida estação de televisão, afirmando que apenas dialogará com outros órgãos de comunicação social.

A situação levanta várias questões pertinentes: que tipo de “campanha” é esta de que o governante fala? Até que ponto a exigência de esclarecimentos, sobretudo sobre matérias que envolvem o interesse público, pode ser considerada como um ataque pessoal? O papel da imprensa é, justamente, questionar, investigar e pedir explicações sempre que os cidadãos tenham dúvidas ou que existam situações que necessitem de maior transparência.

O episódio reacende o debate sobre a relação, por vezes tensa, entre políticos e meios de comunicação social em Moçambique. Muitos observadores entendem que o exercício do jornalismo não deve ser confundido com perseguição ou campanhas de difamação, mas sim visto como um contributo para a responsabilização e prestação de contas.

Por outro lado, a posição assumida pelo ministro pode gerar preocupações quanto à liberdade de imprensa, uma vez que o afastamento de um governante face a determinados órgãos pode ser interpretado como tentativa de limitar a pluralidade de vozes e restringir o acesso à informação.

Neste contexto, a opinião pública questiona-se: será que a exigência de respostas por parte de jornalistas, num Estado que se diz democrático, deve ser encarada como uma campanha de hostilização? Ou não passará esta acusação de uma estratégia para evitar responder a temas incómodos e que exigem clareza?