Daniel Chapo é alvo de críticas por alegadamente ter instrumentalizado Venâncio Mondlane para fins políticos, negando agora qualquer compromisso ou entendimento entre ambos.

A polémica adensa-se em torno do Presidente Daniel Chapo, cuja conduta está a levantar sérias suspeitas entre observadores políticos, líderes de opinião e parte significativa da sociedade civil moçambicana. Circulam fortes acusações de que Chapo terá instrumentalizado o político e activista Venâncio Mondlane apenas como uma peça estratégica para consolidar a sua imagem junto do eleitorado e obter apoio popular num momento crucial da política nacional.

No entanto, o que mais tem chocado a opinião pública é a mudança repentina do discurso do Presidente. Depois de se ter reunido com Mondlane — num encontro que muitos consideraram histórico e promissor para a estabilidade nacional — Chapo afirma agora, de forma peremptória, que "não existe qualquer acordo, compromisso ou dívida a ser saldada".

Esta negação levanta sérias dúvidas e provoca indignação generalizada. Muitos questionam se houve, de facto, uma tentativa deliberada de manipulação política. Terá sido Venâncio Mondlane usado como um símbolo de reconciliação apenas para fins mediáticos? Estaremos perante um caso de traição política em pleno século XXI?

A situação ganha contornos ainda mais graves quando se recorda o entusiasmo inicial gerado pelo encontro entre os dois líderes, que parecia sinalizar o início de um novo ciclo de diálogo e pacificação em Moçambique. A expectativa era de que um entendimento entre ambos pudesse resultar em medidas concretas para combater as tensões políticas, garantir justiça social e fortalecer a democracia.

Contudo, à medida que as declarações contraditórias se acumulam, cresce também o sentimento de desilusão e revolta entre os apoiantes de Venâncio Mondlane, muitos dos quais sentem que foram enganados e usados como massa de manobra. As redes sociais têm sido palco de protestos, partilhas de vídeos e manifestações de solidariedade com Mondlane, apelando à verdade e à responsabilização dos actores políticos envolvidos.

Diversas personalidades públicas, académicos e analistas já se pronunciaram, considerando que a conduta de Chapo pode minar ainda mais a confiança nas instituições e agravar a já frágil credibilidade do governo. Há quem defenda uma investigação independente sobre os termos do suposto "entendimento" entre os dois líderes, bem como um esclarecimento público imediato.

Numa altura em que Moçambique atravessa uma fase crítica, marcada por tensões sociais, suspeitas de corrupção e descontentamento generalizado, casos como este não fazem senão lançar mais lenha à fogueira do descontentamento popular.

Resta agora saber: o que realmente foi acordado entre Chapo e Mondlane? Terá sido tudo um jogo de encenação política? Ou estamos diante de uma das maiores traições políticas da história recente do país?