Daniel Chapo denuncia manipulação política, revela traição aos acordos e acusa elite dirigente de agir como colonizador do próprio povo moçambicano.



A tão falada reconciliação política em Moçambique revelou-se uma encenação cuidadosamente orquestrada. Daniel Chapo, figura central da FRELIMO, veio agora a público denunciar  ou, segundo muitos, confirmar  aquilo que durante muito tempo foi apenas sussurrado nos bastidores do poder: os acordos celebrados com as forças da oposição nunca passaram de uma farsa, e o compromisso com o diálogo e a inclusão era meramente simbólico.

Com palavras duras e gestos que espelham uma clara rutura, Chapo rompeu com tudo aquilo que até então era visto como um processo de entendimento nacional. Ao fazê-lo, expôs a verdadeira natureza do regime instalado: um sistema político fechado, dominado por uma elite que, embora partilhe a mesma origem do povo moçambicano, age como uma casta colonial, impondo as suas regras e interesses sobre a maioria marginalizada.

Muitos observadores políticos não tardaram a reagir, classificando esta viragem como o ponto final na ilusão democrática construída nos últimos anos. Os partidos da oposição foram tratados como peças descartáveis num tabuleiro minuciosamente manipulado, enquanto o povo assistia, esperançoso, à promessa de mudanças que nunca chegaram a materializar-se.

Hoje, Moçambique encontra-se numa encruzilhada perigosa. O Estado, longe de representar o bem comum, está refém de um grupo restrito que governa como se o país fosse uma propriedade privada. Essa elite, agora apelidada por muitos como "o colono negro", ocupa todas as estruturas do poder  do governo central às administrações locais  decidindo o destino de milhões de moçambicanos sem prestar contas a ninguém.

Contudo, sinais de resistência começam a emergir. Vozes descontentes levantam-se nos bairros, nas redes sociais e até dentro de algumas instituições. O povo moçambicano começa a acordar para a realidade de um Estado capturado, e com isso cresce a exigência por verdade, justiça e uma nova ordem política