Decisão das autoridades moçambicanas poderá estar ligada ao apoio público do artista ao político da oposição Venâncio Mondlane, gerando críticas e indignação nas redes sociais.


Maputo  O conhecido humorista e actor angolano Gilmário Vemba viu-se impossibilitado de entrar em território moçambicano após ter sido travado pelas autoridades de imigração no Aeroporto Internacional de Maputo, na sua chegada ao país. A decisão, cujos contornos ainda não foram oficialmente explicados pelas autoridades competentes, está a gerar polémica tanto em Moçambique como em Angola.

Fontes ligadas à segurança aeroportuária indicam que o artista foi retido logo após o desembarque e, posteriormente, informado de que não poderia permanecer em Moçambique, sendo forçado a embarcar de volta ao seu país de origem. Até ao momento, o Serviço Nacional de Migração (SENAMI) não emitiu uma declaração formal a esclarecer as razões da deportação.

No entanto, especula-se que a decisão esteja relacionada com o apoio público que Gilmário Vemba tem demonstrado ao político moçambicano Venâncio Mondlane, uma das figuras mais proeminentes da oposição ao actual governo. A suposta motivação política por detrás desta medida levanta sérias questões sobre a liberdade de expressão e o respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos estrangeiros em território moçambicano.

Gilmário, que é bastante acarinhado pelo público moçambicano pelas suas actuações em espectáculos de comédia e presença em diversos eventos culturais, teria vindo ao país para participar num evento de cariz artístico e social. O cancelamento da sua participação está a causar consternação entre os seus fãs e organizadores do evento, que agora exigem explicações formais.

Nas redes sociais, a situação tornou-se rapidamente viral, com milhares de moçambicanos e angolanos a expressarem solidariedade com o artista, e a criticar o que consideram ser um acto de censura e intimidação. Figuras públicas e activistas de direitos humanos apelam a uma revisão imediata da decisão e pedem ao governo moçambicano que clarifique os critérios utilizados para barrar a entrada de um cidadão estrangeiro cuja carreira é essencialmente artística.

A situação poderá agravar-se a nível diplomático, com sectores da sociedade angolana a exigirem um posicionamento firme por parte das autoridades de Luanda. Para já, permanece o silêncio oficial, tanto da parte do executivo moçambicano como da embaixada de Angola em Maputo.

Este episódio levanta novamente o debate sobre o espaço para a dissidência e liberdade de opinião em Moçambique, sobretudo em tempos de efervescência política e à medida que o país se aproxima de importantes decisões eleitorais