Diante da contínua manipulação eleitoral e do bloqueio à mudança pelo voto, Venâncio Mondlane apela à mobilização do povo moçambicano para uma revolução consciente, organizada e determinada nas ruas e nas consciências.
O aviso é sério, frontal e urgente. Venâncio Mondlane, uma das figuras mais proeminentes da oposição moçambicana e voz crítica da actual conjuntura política, lança um apelo claro ao povo: é hora de reorganizar a luta e adoptar uma nova abordagem revolucionária. As eleições, tal como têm sido conduzidas em Moçambique, deixaram de representar qualquer esperança de transformação autêntica. Em vez de servirem à democracia, foram sistematicamente transformadas em mecanismos de manipulação e perpetuação do poder da FRELIMO.
Mondlane sublinha que, se o actual regime não se mostra disposto a respeitar a vontade do eleitorado e insiste em distorcer os resultados eleitorais para manter o controlo, então o povo tem o dever de repensar a sua estratégia de resistência. A participação em ciclos eleitorais fraudulentos tornou-se uma armadilha uma fachada para validar um sistema corroído pela corrupção, pela repressão e pela exclusão social.
Neste momento histórico, afirma Mondlane, os moçambicanos não podem continuar a colocar a sua fé numa urna que apenas serve para legitimar o continuísmo e a injustiça. É preciso um novo impulso, uma nova direcção: uma revolução estratégica. Não uma revolução baseada na violência cega, mas uma revolução construída na consciência colectiva, na coragem de resistir e na firmeza da organização popular.
Esta transformação não surgirá dos gabinetes nem será transmitida em directo nos meios de comunicação controlados pelo regime. Ela florescerá nos bairros marginalizados, nas praças, nas escolas e nas vozes dos que se recusam a calar. Será alimentada pelo inconformismo dos jovens, pela força das mulheres e pela esperança dos que já perderam quase tudo menos a vontade de mudar o país.
A proposta de Venâncio Mondlane não é um apelo ao caos, mas sim ao despertar de um povo adormecido pelas falsas promessas de um sistema que falhou. A democracia não pode continuar a ser uma encenação. Se não há alternativa pelas vias formais, então a acção directa, firme e bem coordenada será o caminho para resgatar Moçambique da opressão
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