Reuniões em Ouagadougou e no Vaticano resultam numa declaração conjunta que desafia a influência europeia e reforça a agenda de soberania africana.

Numa sequência de encontros que está a gerar grande agitação no cenário geopolítico internacional, Venâncio Mondlane manteve, nos últimos dias, reuniões separadas mas de elevado peso político e simbólico. Primeiro, esteve frente a frente com o líder do Burkina Faso, Ibrahim Traoré, numa cimeira marcada por discursos de soberania, autodeterminação e resistência face às pressões externas. Depois, deslocou-se ao Vaticano, onde foi recebido pelo Papa Leão, num encontro que, segundo fontes próximas, combinou momentos protocolares com diálogos reservados de forte carga diplomática e humanitária.

A agenda de Mondlane e Traoré terá passado pela análise de estratégias conjuntas para reforçar alianças entre países africanos e promover uma nova visão de cooperação Sul-Sul, reduzindo a dependência económica e política de potências externas. Os dois dirigentes partilharam a preocupação com o que consideram ser ingerências recorrentes no continente e defenderam a necessidade de construir instituições mais robustas, capazes de proteger os recursos naturais e valorizar o potencial humano africano.

Já no Vaticano, o encontro com o Papa Leão revestiu-se de um simbolismo especial. Numa sala privada, longe das câmaras e da imprensa, os dois conversaram sobre paz, justiça social e o papel das lideranças políticas na defesa dos mais vulneráveis. Segundo relatos, o Papa quebrou o protocolo habitual, encerrando a reunião com um momento de oração silenciosa, gesto que foi interpretado como um sinal de apoio moral às causas defendidas por Mondlane.

O ponto alto desta maratona diplomática surgiu quando Mondlane e Traoré decidiram emitir uma declaração conjunta, que rapidamente ecoou nas capitais europeias e em vários centros de poder ocidental. O texto, firme e direto, criticou o que classificaram como “estruturas de dominação disfarçadas de cooperação” e apelou a uma revisão profunda das relações entre África e o Ocidente. As palavras, carregadas de tensão, foram interpretadas por analistas como um desafio aberto ao status quo internacional.

A reação não tardou: diplomatas europeus manifestaram preocupação e alguns governos convocaram reuniões de emergência para avaliar o impacto político das afirmações. Especialistas em relações internacionais consideram que esta ofensiva diplomática de Mondlane e Traoré pode abrir caminho para uma nova fase nas alianças globais, reconfigurando equilíbrios que se mantinham há décadas.

Com um pé na política africana e outro no diálogo inter-religioso, Venâncio Mondlane parece determinado a posicionar-se como uma figura de ponte entre mundos distintos, mas com um objetivo comum: desafiar as estruturas de poder que, na sua visão, limitam a liberdade e a autodeterminação dos povos.