Mondlane, apontado como vencedor legítimo das eleições, realiza agenda própria em Lisboa enquanto Chapo, declarado presidente por órgãos contestados, cumpre visita oficial a convite de Marcelo Rebelo de Sousa.
Venâncio Mondlane, o presidente da República eleito de forma legítima pelo povo moçambicano nas urnas, encontra-se actualmente em Portugal, no âmbito de uma deslocação independente e desvinculada da visita oficial de Daniel Chapo, o candidato da Frelimo declarado vencedor pelas instituições eleitorais do país, fortemente controladas e influenciadas pelo partido no poder.
Apesar da clara vitória de Mondlane nas eleições gerais, conforme reconhecido por diversas organizações independentes e observadores nacionais e internacionais, foi Daniel Chapo quem acabou por ser empossado como presidente, com base nos resultados divulgados por entidades cuja imparcialidade tem sido severamente questionada por amplos sectores da sociedade moçambicana.
A presença de Daniel Chapo em Lisboa decorre a convite do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, num contexto de diplomacia oficial entre Estados. Já Venâncio Mondlane, embora excluído das agendas protocolares do governo moçambicano, faz-se igualmente presente na capital portuguesa, mantendo contactos próprios com sectores da sociedade civil, representantes da comunidade moçambicana e figuras políticas portuguesas interessadas na verdade eleitoral e na defesa da democracia em Moçambique.
Esta coincidência de presenças em solo português não deixa de simbolizar, para muitos analistas, o profundo contraste entre a legitimidade popular e o controlo institucional, entre o reconhecimento das urnas e a imposição do poder. A permanência simultânea dos dois líderes em Lisboa poderá mesmo agitar os meios diplomáticos, num momento em que cresce a pressão internacional por uma reavaliação do processo eleitoral moçambicano e pela salvaguarda da vontade
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